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Gêmeas siamesas são separadas no Distrito Federal, confira o passo a passo
A carreira de 50 profissionais da saúde ficou marcada esse final de semana. Eles participaram da cirurgia que separou as irmãs gêmeas siamesas Mel e Liz, que estavam unidas pela cabeça. O procedimento durou quase dois dias. Essa é a segunda cirurgia da meninas, que passaram pela sua primeira cirurgia, ao nascerem em 26 de janeiro. Naquela cirurgia foi colocado o implante de expansores cutâneos (veja a foto abaixo).
A cirurgia ocorreu no Hospital da Criança de Brasília José de Alencar (HCB) e foi preparada minuciosamente. Além dos moldes em três dimensões, a equipe do adotou insumos médicos e uniformes de cores diferentes para identificar as pacientes. Os itens relacionados a Mel eram amarelo e os itens relacionados a Liz eram rosa.
A cirurgia iniciou-se pela anestesia geral, as meninas foram posicionadas de bruços, uma de frente para a outra, sobre um molde colocado em duas macas unidas durante a cirurgia. Depois da a separação, as macas foram afastadas e os trabalhos continuaram individualmente. A equipe de enfermagem durante a cirurgia foi liderada Carlos Eduardo da Silva que auxiliou no processo de escolha do time e falou sobre o comprometimento dos envolvidos. “Desde o início, sabíamos que seria um desafio. Muita gente estava de férias e veio para compor a equipe. Minha perspectiva é a mesma dois pais: quero que elas fiquem bem”, afirmou.
As meninas cativaram a equipe. Alguns participantes ficaram aguardando do início ao fim. Saíram do hospital após quase dois dias. No momento, as meninas estão na UTI do HCB. Elas estão em coma induzido para auxiliar no descanso do cérebro e passam bem.
“Estamos tendo um resultado bastante satisfatório até aqui e torcemos sempre pelo melhor”, destacou o cirurgião plástico Ricardo de Lauro, que atua na Ala de Queimados do Hospital Regional da Asa Norte (Hran).
Âmbito Acadêmico
Contudo, no âmbito acadêmico, a operação das gêmeas foi comemorada por docentes da área médica. O cirurgião pediátrico Simônides da Silva Bacelar, da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), destaca que o procedimento é considerado de extrema complexidade.
Com 39 anos de atuação no Hospital Universitário de Brasília (HUB), Simônides conta que viu apenas um caso de gêmeos siameses na unidade de saúde.
Para o professor, ter esse tipo de cirurgia realizada na rede pública de saúde é uma conquista.
Paulo Lassance, cirurgião pediátrico do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) e professor de medicina da Universidade Católica de Brasília (UCB), afirma que casos de gêmeos conjugados criam alvoroço por causa da complexidade. “Independentemente da conexão, é sempre um caso especial, importante e que envolve uma equipe multidisciplinar. Esse caso em específico, por estar associado ao crânio, é considerado uma das grandes malformações”, relata.
Todavia, Paulo afirma que esse é o terceiro caso que vê de gêmeos siameses no Distrito Federal.
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