Como Estrelas na Terra
Esse texto faz parte do projeto Redator Especial
Por Alan Santos
O Filme: “Como Estrelas na Terra”, conta a estória de Ishaan Awasthi, de 9 anos, disléxico, que sofre as conseqüências ao estudar em escolas que desconhecem o distúrbio e não apresentam possibilidades de flexibilização na sua proposta pedagógica. Sendo assim, o fracasso escolar dos alunos com necessidades educacionais especiais é quase que inevitável.
Segundo, Rodrigues e Ciasca (2016, p.87) apontam que a Dislexia é […] um transtorno específico de aprendizagem, de origem neurológica. Acomete pessoas de todas as origens e nível intelectual e caracteriza-se por dificuldade na precisão (e/ou fluência) no reconhecimento de palavras e baixa capacidade de decodificação e de soletração. Essas dificuldades são resultado de déficit no processamento fonológico, que normalmente está abaixo do esperado em relação a outras habilidades cognitivas.
No longa, conseguimos notar as principais características como: inconstante desempenho, lentidão em desenvolver as tarefas de leitura e escrita, dificuldades em soletração, trocas de escrita de leitura, junções e aglutinação de fonemas, omissões de letras ou fonemas, dificuldade em associar o som ao símbolo, dificuldade com a rima, dificuldade em associações, como por exemplo, de rótulos aos seus produtos. Há outros como cita Gomes (2010) …”alterações na memória imediata; alterações na memória de séries e sequências (por exemplo: dias da semana, meses do ano e o alfabeto); orientação espacial direita-esquerda; linguagem escrita; e dificuldades em matemática.”
Ishaan Awasthi, personagem principal do filme, perderia mais um ano. Incompreendido pela família e escola, o educando passou por questões emocionais e educacionais sérias, onde fora humilhado, castigado e excluído. Ele se esforçava, contudo, sem auxílio correto, não conseguia atingir os objetivos e superar suas dificuldades, tornando-se mais um no índice de analfabetismo. Contudo, Menezes (2007) alerta que “a dislexia não é resultado de má alfabetização, desatenção, de baixa renda familiar ou pouca inteligência” (MENEZES, 2007, p. 29).
Tudo se modificou quando um professor de artes e também de educação especial, investigou e avaliou a questão, ‘diagnosticando’ a dislexia. A ignorância de alguns profissionais da escola era tanta, que foi sugerido a escola especial para o aluno, indo contra as políticas públicas de inclusão. Este educando tem todas as condições e possibilidades para estar incluído. Dislexia não é deficiência, e os que tem deficiências e transtornos globais também tem direito ao espaço escolar regular.
A partir disso, o primeiro passo para a efetiva inclusão, foi apresentar estratégias coerentes e condizentes com o transtorno funcional específico com a finalidade de minimizar os efeitos, realizar atividades/avaliações orais e inserir a leitura e escrita aos poucos, no tempo do aluno. Sem falar nos atendimentos terapêuticos fundamentais com equipe psicopedagógica.
Ishaan, era um desbravador do mundo, seu conhecimento da vida das pessoas, as problemáticas sociais e a natureza era super preciso e crítico, mas infelizmente nunca valorizado. O professor nos dias atuais precisa enxergar além do currículo escolar, explorando outras potencialidades de seus alunos, e valorizá-los. Nikumbh, o professor de artes e educação especial, teve a sensibilidade de enxergar a dificuldade na leitura e escrita, mas também a habilidade em artes, onde o aluno demonstrou uma alta habilidade na criatividade, originalidade, combinação de cores, entre outros. Na película, fica evidente esse complexo fenômeno da dupla excepcionalidade, a dislexia e altas habilidades na área artística.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9.394/96, no artigo 59, preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades. Então, a equipe escolar tem a responsabilidade de prover essas estratégias para este público, eliminando as barreiras psicológicas, físicas e atitudinais. A EDUCAÇÃO ganha muito com tudo isso. Essa educação não é a do futuro, ela já é REALIZADE, cabe a nós assumirmos e gerarmos as AÇÕES.
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Imagens: Netflix