Altas Habilidades e Superdotação

Avó e diretora da creche, orientam para avaliação neuropsicológica

Por André Paraizo, @andreparaizo, pai de Gustavo (6 anos) e Manuela (12 anos), após orientações, a descoberta da superdotação.

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Meu nome é André, tenho 36 anos, sou casado com Ingryd e temos dois filhos maravilhosos: Manuela, de 12 anos, e Gustavo, de 6 anos,  identificado como superdotado, desde bebê apresentava um desenvolvimento diferente de outros bebês,

Desenvolvimento diferente

Minha mãe, avó de Gustavo, trabalhou com educação infantil por mais de 30 anos, ela sempre nos alertava que ele estava aprendendo as coisas muito rápido, que ele passava pelas etapas rapidamente que era necessário investigar e buscar acompanhamento, junto com essa inteligência vinham muitas dificuldades.

Ele simplesmente não dormia, acordava mais de 20 vezes por noite, uma rotina que persiste até hoje, aos 6 anos, ainda acorda de 2 a 3 vezes. Entrando no mundo da superdotação, percebemos que isso é uma característica comum em crianças superdotadas, já que suas mentes operam de maneira diferente, trabalhando incessantemente mesmo quando cansadas, o que dificulta o sono tranquilo.

Gustavo, mesmo sendo estimulado a brincar com os brinquedos típicos de sua idade, preferia lidar com letras, números e fórmulas de EVA. Quando começou a falar, já dominava todas as letras, números e formas, até mesmo as mais complexas como hexágonos, pentágonos e trapézios. Minha mãe sempre insistia para buscarmos acompanhamento profissional, mas encontrar o suporte adequado não foi fácil. Muitas vezes, em vez de apoio, éramos julgados. Recordo-me de uma ocasião em que, ao procurar uma antiga amiga psicopedagoga, em vez de apoio, recebemos críticas, como se estivéssemos forçando nosso filho a aprender essas coisas. Pelo contrário, sempre buscamos que ele brincasse e se desenvolvesse de forma natural, mas sua natureza era diferente.

A diretora da Creche

Aos 3 anos, Gustavo começou a ler de forma autodidata, e a diretora da creche nos chamou para uma conversa, informando que seu desenvolvimento estava muito à frente das outras crianças e sugerindo que procurássemos avaliação profissional. Ela nos fez uma ponte e nos apresentou uma neuropsicóloga que fez a avaliação, e mesmo sendo uma criança recém saída do isolamento da pandemia, o teste detectou a superdotação. Com o laudo em mãos, muitas respostas ficaram claras mas uma infinidade de dúvidas surgiram E agora? Como caminhamos? Para onde vamos? Estamos fazendo o suficiente? Ele precisa de mais?

EMEI

Gustavo ingressou no EMEI alfabetizado e apaixonado por matemática, com muita curiosidade e vontade de aprender, a gente sempre foi estimulando a medida que ele mostrava interesse pelas coisas, mas quando íamos buscar apoio da escola, a resposta era sempre a mesma, não pode estimular, ele não tem que aprender isso agora, ele tem de brincar e socializar, tem de ser criança. Sempre tínhamos de ficar justificando falando que estimulávamos atividades complementares voltadas para a parte motora, para o brincar de forma lúdica e o social. Ele sempre fez natação, judô, futebol, mas ele também precisava de estímulos cognitivos, dada a peculiaridade de sua mente.

Grupo Crescer Feliz

Conhecemos o Grupo Crescer Feliz, onde começamos a compreender melhor as necessidades de nosso filho, onde aprendemos sobre os seus direitos. Realizamos uma nova avaliação mais completa, ele agora mais maduro emocionalmente, falando, respondeu melhor aos testes e apontou novamente a superdotação com um QI de 147 pontos e um percentil de 99,9%, ele continua praticando esportes e, atualmente, frequenta o curso do Supera para estimular o pensamento lógico, algo que ele adora.

Assincronias

Este ano, ele entrou para uma nova escola, onde, juntamente com a psicopedagoga, elaboramos um Plano de Educação Individualizado (PEI). Como toda criança superdotada, Gustavo apresenta assincronias, onde seu desenvolvimento cognitivo e emocional evoluem de maneiras distintas. Ele tem a inteligência de uma criança mais velhas e o emocional compatível com a idade e o PEI é justamente para trabalhar esta assincronia, onde em momentos ele faz atividades do 4º ano para atender a sua capacidade cognitiva e em outros momentos faz atividades em grupo,  com os colegas de classe para trabalhar os aspectos sociais e emocionais.

Todavia, seguimos sempre buscando olhar para Gustavo como um individuo completo que busca se desenvolver em todos os aspectos. Como toda criança com necessidades sociais, emocionais, corporais e cognitivas únicas e com um único objetivo CRESCER FELIZ.

O relato desta semana é especial. É o primeiro escrito por um pai e destaca a importância da percepção e experiência de quem trabalha com educação, como a avó e a diretota a creche que sempre estimulou a busca por uma avaliação. O olhar atento, tanto da avó, como da diretora da creche, certamente fez toda a diferença na vida de Gustavo, evidenciando que a formação continuada, o conhecimento sobre o tema e a determinação da família em buscar ajuda são fundamentais para o desenvolvimento pleno das crianças.

Curadoria do texto: Cilene Cardoso do Grupo Crescer Feliz
Texto:Andre Paraizo
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