Inclusão SocialSíndrome de Down

Como a rotina na escola ensinou Pedagoga com síndrome de Down a ser mais flexível

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A professora Laura Deorsola Xavier Negri, de 25 anos trabalha como assistente de sala de aula com crianças de dois a cinco e tem síndrome de Down.

A sala de aulas repleta de crianças pequenas é seu lugar favorito. Formada em pedagogia  há dois anos, a jovem sabia que queria seguir essa profissão ainda no colégio, quando cursava o magistério no ensino médio. Com isso, cursou pedagogia e, quatro anos depois, estava formada e realizada.

Eu gosto de ver eles crescendo, o desenvolvimento de cada um deles no dia a dia. Eles me ensinam tanto quanto eu os ensino. Eu aprendo com eles a ser mais flexível, porque eles são como uma caixinha de surpresas. Eu aprendo a ser alegre, porque eles gostam muito de brincar e aprendo também a ser mais sensível, porque cada um deles tem o jeito próprio”, relata a pedagoga, que trabalha como assistente de sala de aula, em um colégio de Curitiba, para crianças de dois a cinco anos.

Adaptação

O jeito único de cada aluno fez com que Laura adaptasse a forma de tratar os seus. “Alguns exigem mais atenção, enquanto outros precisam de liberdade para florescerem”,  diz.

“Tem aquelas crianças que são mais teimosas, outras que se dispersam muito fácil e a gente precisa chamar várias vezes pelo nome. Tem aluno que sente saudade da mãe e então a gente precisa falar: ‘lembra que a sua mãe vem depois do lanche?’, aí só depois ele se acalma”, relata a pedagoga sobre sua rotina diária na escola.

Para o futuro, Laura tem um plano desenhado: quer continuar trabalhando sempre em escolas, de preferência nas inclusivas. Mas também naquelas abertas à todos, com deficiência ou sem. “Quero também fazer mais cursos, como o de Libras, que eu já estou no segundo módulo. Também gostaria de um dia dar aula de yoga e de preparo de alimentos”, diz.

O teatro

Ao lado do trabalho na sala de aula, Laura aprendeu que o teatro a ajudaria a se soltar mais e, há dois anos, é atriz de palco e dos bastidores da Cia do Abração, em Curitiba. Todos os anos, participa de apresentações e, no momento, a equipe prepara os ensaios da próxima peça, que será voltada ao público infantil, com as histórias de príncipes e princesas.

Temos uma professora nova que gosta de trabalharmos o espaço, a respiração, espírito e corpo. A gente se joga no chão, e é legal também. Aquele monte de loucura, as brincadeiras de carneiro e lobo”, relata.

Desde os nove anos, a pedagoga também pratica ballet e ao longo dos anos foi desenvolvendo o olhar para a fotografia.

Mas eu amo de paixão trabalhar com crianças. Eu fico feliz quando elas me chamam: ‘profe, vem aqui contar essa história para mim’. Tem alguns alunos que não querem, e falam que o livro é deles. Então a gente ensina que tem que dividir, que é preciso compartilhar os brinquedos”, lembra Laura sobre os desafios da rotina.

Laura faz parte de uma geração que está fazendo a diferença na inclusão social no país. Ao lado dela está Débora Seabra, primeira professora com síndrome de Down do Brasil, que hoje trabalha como professora assistente de um colégio particular em São Paulo e comemora a carreira de 12 anos.

Por sua atuação em defesa da inclusão, Débora ganhou, em 2015, o prêmio Darcy Ribeiro de Educação, em Brasília. Ela foi a primeira pessoa com Down a receber essa menção honrosa. Esse prêmio é concedido anualmente pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. Elas merecem nossos aplausos por tanta dedicação.

 

Fonte: Gazeta do povo

 

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