Mãe estuda neuropsicopedagogia para ajudar filho Superdotado
Por Valéria Tímoteo, educadora, mãe de Hebert Henrique, 11 anos, foi estudar neuropsicopedagogia para conduzir a educação de seu filho.
Olá, sou Valéria, educadora, mãe de um rapazinho lindo, cheio de vida, que está sempre procurando algo novo, fui estudar neuropsicopedagogia para ajudar meu filho Superdotado. Ele sempre faz várias coisas ao mesmo tempo, cria, calcula, questiona e sempre nos surpreende com suas lógicas da vida. Aliás, desde cedo, quando eu o via parado pensativo, eu perguntava: “No que está pensando, filho?”, e ele respondia: “Na vida”. Eu sorria e saía pensando: o que uma criança tão pequena pensa da vida, haha…
A demora na fala
Hebert Henrique, hoje com 11 anos, demorou para falar e, quando começou, por volta dos 2 anos, já usava palavras e frases complexas que surpreendiam a todos, como “que latido estapafúrdio” ou “que rua íngueme” (referindo-se a “íngreme”). Em todas as consultas com a pediatra era sempre a mesma história: ele não dorme, ele se coça, não aceita isso ou aquilo a menos que se faça algo que ele queira, é muito bagunceiro, curioso… E, como mãe de primeira viagem, demorou bastante para que todas essas questões fossem levadas a sério.
A escola
Assim que entrou na escola, com 3 anos, ele não parava quieto. Andava o tempo todo, verbalizava tudo o que acontecia e, se agisse de maneira errada, também contava e sentava no tapetinho para refletir, desculpava-se e tudo com muita maturidade. Não queria realizar os registros no livro escolar, o que causou muito sofrimento para todos: a professora, a família e ele mesmo. Lembro que quando ele tinha 5 anos, eu disse para a professora que ele estava lendo e fiquei surpresa, já que quase não realizava as atividades. Ela desacreditou, disse que provavelmente ele “arriscava” a palavra por decodificar a primeira sílaba, mas não era o que acontecia. Ele lia placas dos caminhões que passavam e nomes das cidades nas placas de trânsito, amava gibis e livros de histórias infantis, e seu preferido era “O Patinho Feio”, escrito e ilustrado pelo grupo do Maurício de Souza. Sabia a história de cabo a rabo e acredito que, no fundo, ele se identificava muito com a narrativa.
As lições de casa
Os anos seguiram e nada de lições na escola, porém, após muitas conversas conosco e com a psicóloga, ele entendeu o que era documento. Suas provas e trabalhos eram sempre realizados com ótimas notas, até mesmo as provas de inglês no 1º ano do Ensino Fundamental. Mas somente com 8 anos veio a identificação da Superdotação. Chorei! Não sei ao certo se de alívio ou medo do que enfrentaríamos. Até aquele momento não havia sido fácil e sabia que algumas coisas não mudariam.
A neuropsicopedagogia
Eu, sendo da área da educação, conhecia de leve os desafios, que não são poucos, e decidi me preparar melhor. A Neuropsicopedagogia foi o caminho que tomei, no qual atuo hoje, e que me trouxe muita leveza em muitas condutas. Até mesmo o posicionamento com a escola: não exigir dele a cópia e escrita nos livros se ele se lembra de cabeça, a aceitar suas próprias maneiras de cálculos mentais e raciocínios para resolução de problemas. Sendo ele superdotado em todas as áreas, montei um canto criativo em nossa casa onde ele tem vários materiais (papelão, palitinhos, tampinhas, garrafinhas, tintas, biscuit, papéis e materiais diversos) e é para lá que ele foge enquanto ouve música clássica e toma chá para se regular da demanda escolar, que continua sendo o maior desafio.
Aspectos emocionais
O negócio é que a identificação não vem sozinha. Os aspectos emocionais é que de fato pesam. Não conseguimos realizar a aceleração escolar que deveria ter acontecido, devido ao Transtorno de Ansiedade Generalizada e Transtorno de Ansiedade por Separação altíssimos. Não cobramos nada dele. Ele mesmo se cobra e não pega leve, quer dar o seu máximo e quer que seja perfeito como idealiza em sua cabeça. Isso acaba se tornando uma escola para toda a família. Ensinamos que há coisas que ele não pode alcançar devido ao seu desenvolvimento, outras porque ainda lhe faltam informações e outras que ainda virão com a experiência da vida… Ufa… Espero que essas sementinhas frutifiquem, pois é ainda uma fase de plantar em seu coraçãozinho, esperando que ele saiba fazer as escolhas certas, respirar fundo e seguir com fé que no final tudo dará certo.
Rosas no jardim
Quando recebi o convite para compartilhar um pouco dos desafios enfrentados, foi-me dito pela querida responsável dessa coluna incrível que escrever era terapêutico, e de fato foi. Enquanto escrevia e compartilhava com vocês, chorei e ri. Afinal, existem sim lindas rosas nesse caminho, mas com elas espinhos. Uma coisa é certa: fomos chamados para cultivar esse jardim e entender que é nossa principal missão na vida. Isso nos faz arregaçar as mangas e ir em frente pelo bem dos nossos filhos e de nós mesmos. Que eles cresçam felizes, sempre!
Curadoria do texto: Cilene Cardoso do Grupo Crescer Feliz Texto:Valéria Timoteo:@valeriatimoteo_oficial
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Juntos, podemos construir um futuro mais inclusivo e promissor para todas as crianças, independentemente de suas características.
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