Mestre da coreografia acumula prêmios e dança para furar o nicho da deficiência
O coreógrafo e bailarino Marcos Abranches ganhou mais um troféu no começo deste mês. Foi o prêmio Trajetória, no 10° Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência. O documentário é sobre a sua vida, “O Artista e a Força do Pensamento”, de Elder Fraga também ganhou o 6º Santos Film Festival, como o melhor filme nacional.
Abranches, de 44 anos de idade, tem uma paralisia cerebral, que é uma condição que afeta o sistema motor. A sua pesquisa e o seu trabalho são relacionadas a exploração do corpo e da motricidade específica, porém ele não deseja ser limitado a uma caixinha de sua deficiência. E muito menos que o tratem como se ele fosse um “coitado”
Mestre da coreografia
Marcos Abranches durante o momento em que estava sendo apresentada a peça “O Idiota”, que foi criada por ele e digirida por Sandro Borelli: o espetáculo é baseado em um de livro Dostoiévski; na foto, o bailarino que está vestido com uma camiseta regata de cor preta, calça cinza e um tênis preto, encontra-se em cima de uma cadeira de cor marrom, com as costas sobre o acento e seus pés para cima.
Ele conta que quando começou a sua carreira, só era convidado para eventos de pessoas que também tinham deficiência, que naquela época era muito difícil.
Ele fazia parte de pesquisas e trabalhos com a companhia do coreógrafo Sandro Borelli, que o considera o seu grande mestre, porém desejava desenvolver os seus próprios projetos.
No final do ano de 2007, seu plano começou a concretizar-se quando ele conseguiu apresentar “Canto dos Malditos”, que foi criado por ele mesmo, no Sesc Pinheiros.
De lá para ca, estabeleceu-se como um dançarino, não só no nicho deficiência. No ano de 2013, ele foi uma das pessoas a vencerem a primeira edição do Prêmio Denilto Gomes, da Cooperativa Paulinha de Dança.
Em suas criações, ele explora bastante as características de seu corpo, como movimentos involuntários, contorções e espasmos, e também utiliza pesquisas de linguagens e obras de artistas.
Ele criou o espetáculo chamado “O Grito” que foi uma referência da pintura de Edvard Munch (1863 – 1944, ou “O Idiota” que foi baseado em uma livro de Dostoiévski (1821 – 1881). No começo do próximo ano, inicia-se oe ensaios de “O Crocodilo”, que também tem uma inspiração na obra do escritor russo.
Ele relata que trabalhar com arte no brasil não é fácil para ninguém, porém se o artista tem qualquer tipo de deficiência, a dificuldade torna-se ainda maior.
Lapponi questiona uma expressão como arte inclusiva que, de um lado, coloca todos no mesmo saco, e de outro, isola os artistas em eventos que são carimbados como “da deficiência”, em geral marcados por assistencialismo, em sua visão.
Fonte: Folha de São Paulo