Quantos SUPERDOTADOS se descobrem na vida adulta?
Por Karyse Mendes, (@karysemendes.psi), um relato pessoal, da infância racional à descoberta de uma família Neurodivergente.
Lembro-me muito bem da minha infância, marcada por uma característica que me distinguia: eu era uma criança diferente, eu racionalizava. Analisava conversas, brincadeiras, comportamentos de pessoas que me cercavam; nunca conseguia entender o porquê das crianças, dos meus primos e amigos gostarem tanto de correr loucamente e de brincar aquelas brincadeiras sem sentido nenhum.
As bonecas nunca foram de meu interesse.
Eu gostava de pelúcias, sempre dormia agarrada a eles, o que percebo hoje eu refletia uma necessidade desesperada de ser acolhida e aceita.
Minha dificuldade de me relacionar era evidente, (isso não mudou, mesmo hoje), eu era diferente, porém não sabia o motivo. POR QUÊ?!
Essa pergunta ecoava incessantemente na minha mente como um mantra angustiante. POR QUE não sou igual a todos eles? Por que não me encaixo? Por que, por que, por que?
A ADOLESCÊNCIA
À medida que entrei na adolescência, aprendi a expressar-me e a me aceitar. Mudei meu estilo, fiz novos colegas que me levaram a lugares que eu comecei a ter um pouco de adrenalina e até mesmo comecei a apreciar tal coisa.
ADRENALINA
A adrenalina fazia os porquês sumirem por um tempo, os emudecia e eu passei algum tempo bem com isso até que me viciei em leitura.
Sim, vício: os outros usam drogas, eu lia muitos livros, hábito que mantenho até hoje. E assim encontrei o meu chamado, a minha missão: analisar comportamentos e ajudar pessoas.
Esta é a minha utilidade aqui neste mundo, e eu fui atrás disso, após muitos percalços me formei com a ajuda inestimável de minha família que nunca me entendeu, entretanto sempre me estenderam a mão quando eu careci.
A FAMÍLIA
Claro que tivemos problemas de convivência em casa, nenhuma família nuclear é perfeita e após trinta anos, eu enfim me compreendi e os compreendi. O mesmo sangue que nos une, nos separou e vi que temos muitos neuro divergentes no seio familiar, coisa que apenas recentemente eu descobri.
Neste ponto a sua dúvida certamente é :
Você é psicóloga, como demorou para identificar os traços de neuro divergência nos seus?
Bem, o buraco é muito mais fundo do que você seria capaz de imaginar, e nós, neurodivergentes, mesmo com condições iguais (superdotação, TDAH…) somos e podemos ser muitíssimos diferentes uns dos outros, afinal cada um tem sua história e sua herança de aprendizados diferentes. E para deixar tudo mais complexo existe a dupla excepcionalidade, o que torna o diagnóstico muito mais complicado também.
Tudo isso me levou à neuropsicologia, minha missão atual é provar que todo neurodivergente pode ser autoconfiante, seguro e ter uma vida extraordinária.
OS SINAIS
Observem os sinais em suas famílias: o quebra-cabeça começará a se formar. Busque a si, se aceite e procure um psicólogo para elaborar um plano de ação que atenda às suas incríveis potencialidades. Sucesso!
Curadoria do texto: Cilene Cardoso do Grupo Crescer Feliz Texto: Karyse Mendes @karysemendes.psi