Síndrome da Mão Alheia: entenda o que é essa doença rara e estranha
Imagine perder o controle sobre uma de suas mãos a ponto de começar a se estapear sem mais nem menos, ou jogar coisas no chão, ou ainda tirar a própria roupa em público. Esse é um distúrbio extremamente raro chamado Síndrome da Mão Alheia (alien hand syndrome, em inglês), em que a mão da pessoa age como se tivesse vontade própria.
De acordo com um artigo médico publicado no National Center for Biotechnology Information, a síndrome pode afetar pessoas que passaram por neurocirurgias específicas para epilepsia, sofreram aneurismas, ou mais raramente acidentes vasculares cerebrais (AVC).
Um caso famoso da doença ganhou destaque na mídia em 2011. A paciente era uma mulher chamada Karen Byrne, que na época tinha 55 anos. A história dela virou um documentário na BBC, chamado “The Brain: A Secret History”.
No caso Karen, a síndrome surgiu após uma cirurgia para tratar epilepsia. Para isso, os médicos cortaram um pedaço do cérebro chamado corpo caloso, que liga as duas partes do cérebro e permite a transmissão da informação de um lado para o outro.
Pouco tempo depois de sair da sala de cirurgia e retomar a consciência, ela percebeu que havia algo errado com sua mão esquerda. “Eu acendia um cigarro, colocava-o no cinzeiro e então minha mão esquerda jogava-o fora. Ela tirava coisas da minha bolsa sem que eu percebesse. Perdi muitas coisas até que eu percebesse o que estava acontecendo”, disse no documentário.
Algumas vezes, sua mão fora de controle chegava a bater em seu rosto, que acabava ficando inchado pelas agressões.
Foram longos 18 anos vivendo com a doença até que os médicos descobriram medicações que conseguiram trazer o lado direito do cérebro de Karen de volta ao controle.
Síndrome da Mão Alheia
Acredita-se que a condição resulte de uma luta de poder no cérebro entre o hemisfério esquerdo e o hemisfério direito.
Nesses casos, uma mão pode fechar uma gaveta, enquanto a outra abre, ou desabotoar uma camisa recém-abotoada pela outra mão. Muitas vezes, essas atividades acabam se tornando repetidas ou compulsas.
Embora não exista cura, pessoas com essa condição podem ser tratadas com terapias de controle muscular, como toxina botulínica (Botox) e agentes bloqueadores neuromusculares.
Fonte: William Rezende